POESIA MUNDIAL EM PORTUGUÊS
AGOSTINHO DE HIPONA
(SANTO AGOSTINHO)
(354-430)
Agostinho de Hipona (em latim: Aurelius Augustinus Hipponensis, conhecido universalmente como Santo Agostinho, foi um dos mais importantes teólogos e filósofos dos primeiros anos do cristianismo cujas obras foram muito influentes no desenvolvimento do cristianismo e filosofia ocidental. Ele era o bispo de Hipona, uma cidade na província romana da África. Escrevendo na era patrística, ele é amplamente considerado como sendo o mais importante dos Padres da Igreja no ocidente. Suas obras-primas são De Civitate Dei ("A Cidade de Deus") e "Confissões", ambas ainda muito estudadas atualmente.
De acordo com Jerônimo, seu contemporâneo, Agostinho "re-estabeleceu a antiga fé".[4] Em seus primeiros anos, Agostinho foi muito influenciado pelo maniqueísmo e, logo depois, pelo neoplatonismo de Plotino. Depois de se converter ao cristianismo e aceitar o batismo (387), Agostinho desenvolveu uma abordagem original à filosofia e teologia, acomodando uma variedade de métodos e perspectivas de uma maneira até então desconhecida.[6] Acreditando que a graça de Cristo era indispensável para a liberdade humana, ajudou a formular a doutrina do pecado original e deu contribuições seminais ao desenvolvimento da doutrina da guerra justa.
Quando o Império Romano do Ocidente começou a ruir, Agostinho desenvolveu o conceito de "Igreja Católica" como uma "Cidade de Deus" espiritual (na obra homônima) distinta da cidade terrena e material de mesmo nome. "A Cidade de Deus" estava também intimamente ligada ao segmento da Igreja que aderiu ao conceito da Trindade como postulado pelo Concílio de Niceia e pelo Concílio de Constantinopla.
Na Igreja Católica e na Comunhão Anglicana, Agostinho é venerado como um santo, um proeminente Doutor da Igreja e o patrono dos agostinianos. Sua festa é celebrada no dia de sua morte, 28 de agosto. Muitos protestantes, especialmente os calvinistas, consideram Agostinho como um dos "pais teológicos" da Reforma Protestante por causa de suas doutrinas sobre a salvação e graça divina.
Na Igreja Ortodoxa, algumas de suas doutrinas não são aceitas, como a da cláusula Filioque, do pecado original e do monergismo. Ainda assim, apesar destas controvérsias, é considerado também um santo, sendo comemorado como "Beato Agostinho" no dia 15 de junho. Ainda assim, numerosos autores ortodoxos advogaram a favor de suas obras e de sua personalidade, como Genádio II de Constantinopla e Seraphim Rose.
Agostinho nasceu em 354 no município de Tagaste na província romana da Numídia. Sua mãe, Mônica, era uma cristã devota e seu pai, Patrício, um pagão convertido ao cristianismo no leito de morte. Estudiosos acreditam que entre seus ancestrais estavam berberes, latinos e fenícios, mas ele próprio considerava-se um púnico. Seu nomen, Aurélio, sugere que os ancestrais de seu pai eram libertos da gente Aurélia que receberam a cidadania romana depois do Édito de Caracala em 212 e, portanto, a família já era romana do ponto de vista legal por pelo menos um século quando Agostinho nasceu.[
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Extraído de
POESIA SEMPRE. Número 31 – Ano 15 / 2009. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, Ministério da Cultura. 2009. 217 p. ilus. col. Editor Marco Lucchesi. Ex. bibl. Antonio Miranda
As confissões, VIII, 4-9
Vamos, agora age, Senhor;
agita-nos, convoca-nos,
dá-nos logo tua luz, leva-nos contigo;
faze sentir teu calor e tua doçura:
depois vamos todos nos amar, e correr pelos campos.
Tradução de Marcos Van Acker.
As confissões, livro X, 27-38
Tarde Vos amei,
ó Beleza tão antiga e tão nova,
tarde Vos amei!#
Eis que habitáveis dentro de mim,
e eu lá fora a procurar-Vos!
Disforme, lançava-me
sobre estas formosuras que criastes.
Estáveis comigo,
e eu não estava convosco!
Retinha-me longe de Vós
aquilo que não existiria
se não existisse em Vós.
Porém chamaste-me
com uma voz tão forte
que rompeste a minha surdez!
Brilhastes, cintilastes
e logo afugentastes a minha cegueira!
Exalaste perfume:
respirei-o, suspirando por Vós.
Saboreei-Vos,
e agora tenho fome e se de Vós.
Tocaste-me
e ardi no desejo de vossa paz.
Tradução de J. Oliveira Santos e A. Ambrósio de Pina.
Página publicada em outubro de 2018
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